Licença para matar.

Parece que a temperatura entre o Ocidente e a Rússia não para de subir.
Com muita graça, no 31 da Armada, Rodrigo Moita de Deus aventava a possibilidade de em Portugal, país muito sonso -dizemos nós- para tomar uma posição frontal face ao poder de Putin, se substituir a expulsão de diplomatas pela expulsão de mecânicos. Não é uma conclusão impossível…
Entretanto, no muito esquerdista Le Monde Diplomatique (versão inglesa), pela pena de Serge Halimi, faz-se o paralelo entre a agressividade do Ocidente face aos russos sob a batuta de Teresa May e de Trump e a tolerância que os políticos do Ocidente demonstram perante a ação dos rapazes da Mossad que, de uma forma muito mais prolífera, eliminam comprovadamente (e este advérbio não está aqui para encher…) com a mesma alegria antigos nazis e atuais inimigos do Estado de Israel.

 

Este muito politicamente correto relativismo é compreensível, mas tem os seus riscos. Se é verdade que há uma precipitada vontade de culpar o Putin pela morte do ex-espião e da sua filha, também é verdade que a Rússia tem apostado nos últimos tempos em desagregar as democracias ocidentais.

Não é muito referido, mas a ação russa estendeu-se às muito portuguesas regiões do Baixo Alentejo e do Algarve, por via do apoio a um imbecil espanhol que pretende promover a criação de um país que agregue estas duas regiões portuguesas à Andaluzia e ao Rift marroquino. Claramente assarapantado o nosso visionário espanhol viu-se alvo de mimos e de cerimónias de estado em solo russo. Com ele seguiam todos os ‘patriotas’ da referida causa d’aquém e d’além estreito de Gibraltar: uma multidão para aí com uns 5 ou, calhando, 6 indivíduos.

Também a heróica e lusitana Ilha Terceira se viu alvejada pela Rússia, via RTL. Ao que parece não se confirmou o problema de poluição causado pela base aérea militar americana aí situada conforme o referido meio de comunicação alegava. E destas, muitas.

Até pode ser compreensível a ação, melhor: a reação! russa face ao descalabro que a queda do comunismo provocou no seu império. Lembremo-nos que Putin trabalhou para o KGB e que nasceu sob a inspiração da ‘gloriosa’ União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Será este um problema dos russos… Certamente, um problema que para se resolver a gosto dos atuais inquilinos do Kremlin, levantará problemas bem maiores aos lituanos, aos letónios, aos estónios, aos georgianos, aos ucranianos, aos azeris…

Do meu ponto de vista, é importante que o Ocidente tenha presente os seus interesses comuns e que,a esse respeito, fale a uma só voz. Sem querer desculpar ninguém, foi, em certa medida, a dispersão de vozes e de vontades no Ocidente, que levou Teresa May ao eventual artifício de apontar aos serviços russos um ato que não pode ser comprovado.

O isolacionismo americano com Trump tem um paralelo forte no Brexit do R.U. Mas é bom ter presente que a atitude burocrática e centralizadora de Bruxelas, numa primeira fase, face aos povos da Europa e, numa segunda fase, face ao Brexit e face aos resultados de algumas eleições europeias só pode agravar este processo de alheamento dos países democráticos em face das ameaças.

De alguma forma, a atitude de Teresa May teve o condão de reanimar uma instituição mal usada e maltratada: a Nato. Dito de outra forma: será bom que nós, os ocidentais, não esqueçamos quem são os nossos aliados.

Quanto a Israel…: 1.- Israel não pertence à Nato e 2.- a atitude de Trump de colocar a embaixada em Jerusalém é parva. Certo! Como é fácil de ver, esse é um problema de Israel, do Trump, dos palestinianos e dos sacerdotes das ‘religiões do Livro’.

Não resolveremos nenhum problema se os misturarmos. Cada coisa a seu tempo!

 

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